2012

Colóquio

27/05/2012 15:36

 João Pacheco de Oliveira na UFSC

João Pacheco de Oliveira, professor titular de etnologia indígena do Museu Nacional (MN/UFRJ), é um dos antropólogos mais produtivos na construção de conhecimento sobre as sociedades indígenas em situações de intenso contato interétnico. “Capitão de longo curso”, como o chamou Roberto Cardoso de Oliveira ao destacar sua importância na moderna antropologia brasileira, João Pacheco é um extraordinário inovador da antropologia histórica, ao mesmo tempo o etnólogo que busca junto aos indígenas os elementos fundamentais de sua reflexão. Suas formulações teórico-conceituais de largo alcance cobrem várias de áreas de investigação, destacando etnicidades, etnologia indígena, emergências étnicas, relações interétnicas, práticas indigenistas estatais, ou a própria pesquisa antropológica.

As preocupações com a relação entre ética, ciência e políticas de Estado o têm levado a produzir acuradas reflexões sobre o ofício do etnólogo e a responsabilidade social do cientista, além de participação ativa nos fóruns de representação da categoria, como a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), da qual também foi presidente entre 1994-96, e por diversas vezes exercendo a função de coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas.

É esta sólida e engajada trajetória intelectual que João Pacheco de Oliveira estará trazendo para uma série de eventos que inclui palestras, mesa-redonda, reunião com núcleos de pesquisa, e aulas com alunos indígenas do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica.

No dia 5 de junho, terça-feira, às 15 horas, haverá mesa-redonda com as professoras Ilka Boaventura Leite, Esther Jean Langdon e Miriam Grossi no miniauditório CFH.

O tema será: Antropologia, Ética e a Regulamentação da Pesquisa.

 

(Abaixo lista de textos sugeridos para acompanhar os debates)

 

PROGRAMAÇÃO
4/6 – 18h30
Aula aberta – Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata atlântica: a PEC 125 contra os direitos territoriais indígenas, quilombolas e ambientais
Local: Auditória da Reitoria

 

5/6 – 10h – Palestra: “Índios Misturados” e a Presença Indígena no Nordeste
Local: Miniauditório CFH

11h – Lançamento do livro “A Presença Indígena no Nordeste”
Local: Saguão CFH

15h – Mesa-redonda:
Antropologia, Ética e a Regulamentação da Pesquisa. Participação: Ilka Boaventura Leite, Esther Jean Langdon e Miriam Grossi.
Local: miniauditório CFH

 

6/6 – 8h30
Aula para os alunos da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica. Textos de João Pacheco de Oliveira foram disponibilizados na copiadora do CFH. (pasta Colóquios João Pacheco de Oliveira):

— Uma Etnologia dos “índios misturados”: situação colonial, territorialização e fluxos culturais. In J.P de Oliveira (org.), A Viagem da Volta: Etnicidade, Política e Reelaboração Cultural no Nordeste Indígena. Rio de Janeiro: Contra Capa. 1999, pp. 11-36.

— O Ofício do Etnólogo e a Responsabilidade Social do Cientista. In Ensaios em Antropologia Histórica. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ. 1999, pp. 211-263.

— Instrumentos de bordo: expectativas e possibilidades de trabalho do antropólogo em laudos periciais. In J.P. de Oliveira (org.), Indigenismo e Territorialização: Poderes, rotinas e saberes coloniais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Contra Capa. 1998, pp. 269-295.

 

Crédito da foto de João Pacheco de Oliveira: Tom Cabral/JC online


Evento

24/05/2012 19:16

Marcha das Vagabundas Florianópolis

Dia 26 de maio (sábado) de 2012.
Concentração às 10h na Catedral Metropolitana da Capital.

Contato e informações:


Luta internacional

18/04/2012 01:22

International Day Against HOMOPHOBIA – TRANSPHOBIA (IDAHO)

homo pe

Falta apenas um mês para 17 de maio, Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia e pessoas e organizações ao redor do mundo já estão se preparando para o que esperamos ser o mais bem sucedido International Day Against HOMOPHOBIA & TRANSPHOBIA (IDAHO).

Todos os dias, recebemos notícias de todo o mundo sobre as ações que estão sendo planejadas, desde marchas e fóruns públicos até exposições de fotografias e peças de teatro.

Gostaríamos de manter vocês informados do que está sendo planejado e esperamos que nos próximos dias você também compartilhe conosco as atividades realizadas na sua própria área. Para ver a lista completa de eventos, visite o nosso site: www.dayagainsthomophobia.org.

Histórias de destaque:

Em Israel, será realizado pela segunda vez uma chamada para trabalhos acadêmicos. Espera-se que o Ministério da Educação esteja presente na cerimônia de premiação. Também ocorrerá uma conferência sobre transfobia em Tel Aviv-Jaffa Colégio.

Na Turquia, haverá o 7º Encontro Anual de Combate à Homofobia LGBT, na capital, Ancara, em 17 de Maio, culminando com a “Declaração Anti-Homofobia e Anti-Transfobia”

Nas Filipinas, o Centro de Pesquisa LGBT Bahaghari, Educação e Defesa lançou o “I Dare to Care About Igualdade”, parte dos esforços alinhados com IDAHO localizado. A campanha “Eu tenho coragem de me preocupar com a igualdade” de Bahaghari Center é uma campanha fotográfica para adotar uma postura mais pró-ativa na luta contra a discriminação.

Na Austrália, estreará da peça “The Laramie Project – 10 Anos Depois” no Centro de Artes de Melbourne.
Nos Estados Unidos, San Francisco vai baixar as bandeiras da ONU e dos Estados Unidos por 24 horas, para apoio e solidariedade com a comemoração do IDAHO.

No Reino Unido, será conduzido um painel de discussão, no dia 18 de maio, com alto-falantes, do universo da educação e os direitos LGBT. O painel abordará questões que afetam os direitos dos estudantes LGBT nas escolas, desde a prevenção e resolução de casos de bullying, até a necessidade de desenvolvimento de currículo e do papel da fé nas escolas.

A cidade de Brighton, também no Reino Unido, reconhece oficialmente IDAHO levantando a bandeira do arco-íris em edifícios públicos em Brighton e Hove. Haverá um evento especial em 17 de maio com o Coro de Brighton LGBT, “Noise um Minuto”, lembrando as vítimas de violência LGBT e lanternas lançadas para o céu, simbolizando a “esperança de mudança”.

Também na rede de ex-alunos do Reino Unido, os funcionários e LGBT da Universidade de Liverpool faz sua segunda palestra pública intitulada “Homofobia: um Fenômeno Global”.

E mais uma vez no Reino Unido, as cidades de Stonewall Escócia e Aberdeen fazem uma recepção na Galeria de Arte Aberdeen. Em seguida, haverá um banquete com vinhos.

No Brasil, a Federação LGBT está organizando a segunda Marcha Nacional Contra a Homofobia. O protesto nacional terá como objetivo uma conscientização para “escolas sem homofobia”.

Muitas ações estão previstas no País, como no Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis (Sul do Brasil), que está promovendo um concurso de cartazes sobre a homofobia, lesbofobia e transfobia nas escolas, como parte das comemorações de Idaho, usando a arte para combater a discriminação baseada na orientação sexual e identidade de gênero nas instituições de ensino.

No Camboja, a comunidade LGBT vai comemorar IDAHO com um workshop sobre LGBT/aceitação da família, como parte das comemorações do Orgulho anuais.

E este ano, pela primeira vez, haverá celebrações Idaho no Haiti e em Marrocos, conforme anunciado pela organização GayMaroc marroquina, que lançou uma campanha nacional para revogar o artigo 489, que criminaliza relações entre pessoas do mesmo sexo.

Como muitos e muitas de vocês sabem, este ano, o foco é para que as organizações ao redor do mundo unam forças para “lutar contra a homo / transfobia “na” e “por meio” de educação. “Estas ações visam a chamar a atenção para os danos que o homo/transfobia podem causar jovens, e que as escolas podem ser lugares perigosos para jovens de diferentes identidades sexuais e de gênero.

A fim de criar um fórum para projeção conjunta de todas as iniciativas, lançamos a ação no Facebook intitulada “Global Voices Against Bullying Lesbofóbico homofóbica e transfóbica.” Lá, as pessoas podem postar comentários, contar histórias e compartilhar dicas sobre como tornar as escolas mais seguras. Eles também podem acessar a lista completa de atividades por meio do rótulo “Iniciativas Partenarias.”


Gênero e dramaturgia

24/04/2012 22:42

Palestra/performance solo de/com a professora doutora Lucia V. Sander

No dia 26 de abril (quinta-feira), às 18 horas, no Auditório do Bloco Amarelo – Ceart/Udesc. O evento é aberto ao público e gratuito.


Na TV

03/04/2012 02:56

Confira como foi a entrevista de Maria Odete Olsen, do programa “Educação e Cidadania”, da Record News, com os integrantes do projeto Papo Sério

Na foto: apresentadora Maria Odete Olsen (C) com os pesquisadores Tânia Welter (D), Nattany Rodrigues, Bruno Cordeiro, Charles Fernandes Constantino, Helen dos Santos Pereira e Mareli Eliane Graupe

Na foto: apresentadora Maria Odete Olsen (C) com os pesquisadores Tânia Welter (D), Nattany Rodrigues, Bruno Cordeiro, Charles Fernandes Constantino, Helen dos Santos Pereira e Mareli Eliane Graupe

Papo Sério no Programa Educação e Cidadania

Professora Miriam Grossi

Segundo bloco do programa – professora Miriam Grossi

Terceiro bloco do programa – outros integrantes da equipe

Comentário de Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT):

“Professora Grossi, Felipe e todas, parabéns pelo trabalho.

Um excelente exemplo de combate à homofobia nas escolas.”


“Uma Semana de Ensinagem Moderna”

29/02/2012 17:37

“Uma Semana de Ensinagem Moderna”

“Faz-se necessária uma ‘Semana de Ensinagem Moderna’, que produza uma mudança profunda neste campo” Esther Grossi

90 anos da Semana de Arte Moderna me faz otimista e me leva a alimentar esperanças. Ela mostrou como é difícil mudar. E ela, principalmente, demonstrou também que mudança profunda é algo dialético, necessariamente com ruptura. Não se faz tal mudança por filiação de um equilíbrio, para outro, majorante. Mudanças profundas exigem reestruturações, isto é, desconstruções para colocar novos alicerces nas edificações que têm de ser refeitas.

O que se passa hoje em educação escolar? Dentro de nossos limites brasileiros e fora deles? Em primeiro lugar aparece um fato importante – a democratização do acesso à escola, até com legislação que pune se a família não matricula e não leva seus filhos para o ambiente escolar.

Mas, o que está acontecendo com as crianças e os jovens que vão às escolas? O que dizem as pesquisas nacionais e internacionais sobre as aprendizagens dos alunos? Não estou me referindo prioritariamente à escala de classificação dos países nestas pesquisas. Estou olhando para os melhores níveis alcançados, por aqueles que ocupam os primeiros lugares. As médias por eles obtidas estão longe de representarem excelência de construção de conhecimentos. Em muitos casos, elas beiram os 50% das respostas adequadas nas provas avaliativas. Sem falar que as próprias provas são questionáveis à luz dos novos aportes científicos na área. Este questionamento começa nas avaliações de alfabetização. Ao invés de esperar que o aluno escreva e leia um texto num tetê-a-tête individual com o professor, nós o fazemos marcar “ x” em questões  sobre conhecimento parciais de letras, de sílabas e de palavras, nitidamente insuficientes para concretizar a competência mínima para que alguém possa ser considerado uma pessoa que lê e que escreve.  Esta competência é de quem é capaz de ler com compreensão um texto de outro, e que o outro compreenda o que ele escreve. Estar alfabetizado é um dos primeiros divisores de água na caminhada para os saberes. Assim como uma mulher não pode estar meio grávida, um aprendente não pode estar meio alfabetizado. Estar alfabetizado representa a entrada irreversível no grupo dos que conseguiram desvendar a magia da junção das letras para formar as sílabas, das sílabas para formar palavras, das palavras para formar frases e das frases para produzir a grandeza de um texto.

O ensino não está nada bem. Cinquenta milhões de analfabetos adultos no Brasil atestam isto incontestavelmente, porque eles não são analfabetos por não terem ido à escola. Eles são analfabetos tendo estado na escola e por muitos anos.

Estou agora trabalhando com afinco e entusiasmo exatamente num Programa para Alfabetização de alunos escolarizados há mais de um ano letivo, que não leem e não escrevem. É um programa de Correção de Fluxo. Há numerosíssimos alunos com mais de 7 anos, até com 17 anos,  que estão na escola e não sabem sequer ler. Já conseguimos alfabetizar algumas dezenas de milhares dentre eles, mas ainda faltam muitos. E o que não melhora as expectativas é que a escola continua fabricando analfabetos, porque o diagnóstico e o tratamento para tal problema não consideram suas verdadeiras causas.

Faz-se necessária uma “Semana de Ensinagem Moderna”, que produza uma mudança profunda neste campo, como aconteceu no âmbito artístico. Há elementos para isso, tão temidos e tão rechaçados como havia para as Artes, em 1922.

Mas, certamente chegaremos lá. Como Flavio de Carvalho, que andava arrojadamente de saia por São Paulo, pinto meus cabelos, prenunciando uma grande mudança que urge acontecer, porém dentro das cabeças. E parece que ela não se fará na Academia, mas na própria escola pública, através de um número de professores que cresce a cada ano e que concretizam aqui e agora, uma mudança significativa, libertando em poucos meses alunos condenados à marginalização cruel do analfabetismo.

Esther Pillar Grossi

Doutora e pesquisadora em Psicologia Cognitiva